OS GRÁFICOS NA FISHBASE


Um dos propósitos da FishBase é tornar disponível aos investigadores, para uma análise posterior, alguns dos muitos dados de vários aspectos da biologia de peixes.

No entanto, antes de esses dados serem analisados, uma análise das suas principais utilizações é necessária. Por isso, fornecemos numerosos gráficos activos, construídos pela FishBase a partir de uma das suas tabelas, após o botão gráfico ter sido pressionado.

Estes gráficos apresentam-se sob quatro formas:

  1. como gráficos "queijo" (para dados de composição da dieta);

  2. como séries de tempo (por ex., capturas nominais da FAO);

  3. como funções matemáticas (usadas para as relações comprimento/peso e para as curvas de crescimento de von Bertalanffy);

  4. como frequências de distribuição de variáveis importantes;

  5. como plots bivariados de registos pertinentes de algumas espécies, comparando (a vermelho) sobre os pontos amarelos das outras espécies da FishBase; e

  6. como gráficos 2D ou 3D que ilustram rotinas interactivas.

 

Os itens (1-4), não precisam de muitos comentários, excepto dizer que as presentes versões continuarão a ser melhoradas em termos de qualidade, baseadas nos conceitos de Tufte (1983).

Um novo tipo de gráfico

O item (5) é uma ideia nova, da qual, estamos muito orgulhosos, pois resolve num simples gráfico, com um simples movimento, um número de problemas associados aos registos numéricos que ilustram:

  1. os registos (a vermelho) de uma determinada espécie, são acessíveis num contexto bivariado, e desta forma, a sua magnitude pode ser directamente visualizada;

  2. a mancha formada pelas outras espécies (em amarelo), permite uma avaliação directa, se os registos a vermelho são, em média, altos ou baixos;

  3. pode-se detectar visualmente padrões nos dados, encorajando a formulação de hipóteses e análises futuras; e

  4. resultados fora do previsto (amarelos ou vermelhos) podem ser imediatamente detectados e, se estiverem correctos, novas hipóteses podem ser formuladas.

Estas quatro características dos gráficos da FishBase, desempenham um papel muito importante na FishBase 97, que possui um ou mais gráficos para praticamente todas as tabelas e formas. Assim, o desenvolvimento dos gráficos tornam os dados da FishBase mais visíveis do que em versões anteriores, e permitem testes de hipóteses relacionadas com a biologia dos peixes ou estado das pescas.

Testar hipóteses prévias

Exemplos de novos gráficos que testam hipóteses formuladas anteriormente são os gráficos de distribuição de frequência do predador vs tamanho da presa (ver Fig. 27), que testa uma importante teoria de Ursin (1973); ou o gráfico do teor de DNA por célula do peixe vs forma da sua barbatana caudal, o que testa directamente a hipótese de Hinegardner sobre o teor de DNA das células dos peixes (Hinegardner 1968; Cavalier-Smith 1991). Os gráficos de níveis tróficos de capturas por unidade de tempo (ver fig. 4) são exemplos de gráficos que representam relações descobertas recentemente. Estes gráficos representam regressões mencionadas no texto e documentadas na bibliografia.

Estes novos gráficos, muitas vezes construidos a partir de dados das tabelas da FishBase, nem sempre são de fácil interpretação, o que foi apontado numa recente revisão da FishBase (Wooton, 1997). Por isso, introduzimos caixas (ver caixa 3) que explicam aspectos teóricos relacionados com o gráfico, e com as entradas da tabelas correspondentes, que dizem o modo como o gráfico foi construído e/ou deve ser interpretado. As caixas podem ser vistas como pequenos artigos e incluem o nome dos seus autores. Todos os coloboradores da FishBase são encorajados a contribuir com material para novas caixas para publicação futura com base nos exemplos fornecidos.

Os gráficos que ilustram rotinas interactivas (por ex., análises Y/R e AUXIM) apenas podem ser acedidos quando a FishBase corre sobre Windows 95 e NT, uma vez que representam uma nova geração de gráficos. Esperamos que a FishBase 98 inclua mais gráficos deste tipo, ou seja, gráficos que mudam consoante a entrada de diferentes parâmetros ou escolhas, e que podem ser utilizados para explorar diferentes opções de gestão.


Fig. 4. Tendência do nível trófico médio dos desembarques na zona FAO 27 (Nordeste Atlântico). Note o declínio regular, indicando uma transição regular dos grandes piscívoros para os pequenos peixes planctonívoros e para os invertebrados.

 
Caixa 3. Caixas da FishBase.

Muitos capítulos da "FishBase 99: conceitos, design e fontes de informação" incluem caixas com informação relevante mas que não está contida no texto principal.

A função destas caixas é fornecer pormenores sobre a selecção de dados, algorítmos, pressupostos e implicações, sobretudo acerca dos dados utilizados na construção de gráficos, e fornecer uma base para a interpretação dos mesmos.

As caixas incluem o nome dos autores e convidamos os colaboradores e utilizadores da FishBase que queiram fazer comentários sobre as tabelas ou procedimentos a submetê-los com o formato de caixas para futuros lançamentos da FishBase.

Daniel Pauly e Rainer Froese

 
 

Novamente, as sugestões de colaboradores serão bem vindas, tal como propostas de colaboração para o desenvolvimento de novas rotinas.

Agradecimentos

Agradecemos aos programadores da FishBase, Portia Bonilla, Alice Laborte e Ma. J. France "Skit" Rius, a sua paciência para implementar as minhas ideias, mesmo as mais estranhas, e a Felimon "Nonong" Gayanilo, Jr. agradecemos os primeiros gráficos interactivos da FishBase.

Referências

Cavalier-Smith, T. 1991. Coevolution of vertebrate genome, cell and nuclear sizes, p. 51-85. In G. Ghiara et al. (eds.) Symposium on the evolution of terrestrial vertebrate, selected symposia and monographs. U.Z. 1, 4 Mucchi, Modena.

Hinegardner, R. 1968. Evolution of cellular DNA content in teleost fishes. Am. Nat. 102:517-523.

Holmes, B. 1998. The rape of the sea : fishing fleets are rampaging their way down the marine food chain. New Scientist 157(2121) : 4.

Pauly, D., V. Christensen, J. Dalsgaard, R. Froese et F. Torres, Jr. 1998. Fishing down the food webs. Science 279 : 860-863.

Tufte, E.R. 1983. The visual display of qualitative information. Graphics Press, Cheshire, Connecticut, 197 p.

Ursin, E. 1973. On the prey preference of cod and dab. Medd. Danm. Fisk. Havunders. N.S. 7:85-98.

Wootton, R.J. 1997. Review of FishBase 96. J. Fish Biol. 50(3):684-685.

Daniel Pauly